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29 de março, 2023

Gagueira e sono: existe uma relação?

Gagueira e sono: existe uma relação?

O sono tem influência em muitas funções do corpo e em diversas questões de saúde. É por ter todo esse poder que os cientistas acabam sempre estudando a relação do sono com praticamente tudo que acontece no nosso corpo. A gagueira é um desses fenômenos que os pesquisadores têm curiosidade de saber como é influenciada pelo sono.

De acordo com a The Stuttering Foundation, uma organização não-governamental norte-americana que trata de assuntos relacionados à gagueira, mais de 80 milhões de pessoas ao redor do mundo gaguejam. Este número corresponde a aproximadamente 1% da população mundial. 

Você sabia que a atriz Marilyn Monroe era gaga? E que a atriz Emily Blunt também é? No Brasil, temos também alguns exemplos de atores que são gagos ou que trataram a gagueira. O primeiro caso é o de Malvino Salvador e o segundo, de Murilo Benício. 

Mas o que é gagueira?

A gagueira, também conhecida como disfemia, é caracterizada pela repetição de sons, sílabas ou palavras, prolongamento de sons e interrupções na fala que são conhecidas como bloqueios. Uma pessoa que gagueja sabe o que gostaria de dizer, mas tem dificuldade em produzir um fluxo normal de fala. 

As interrupções que acontecem enquanto a pessoa fala podem ser acompanhadas por piscar de olhos rápido ou tremores nos lábios. Os sintomas da gagueira podem variar ao longo do dia. De uma maneira geral, falar na frente de um grupo ou ao telefone pode tornar a gagueira de uma pessoa mais grave, já cantar, ler ou falar em uníssono pode fazer com que ela seja temporariamente reduzida.

Quais são os tipos?

A gagueira pode ser classificada em dois tipos: gagueira adquirida (ou gagueira neurogênica) e gagueira de desenvolvimento. A primeira pode ocorrer após um acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo craniano ou outro tipo de lesão no cérebro. Com este tipo de disfemia, o cérebro tem dificuldade em coordenar as diferentes regiões cerebrais relacionadas à fala, o que resulta em problemas na produção de uma fala clara e fluente.

Já a gagueira de desenvolvimento ocorre em crianças pequenas, geralmente na faixa dos 2 aos 5 anos, na fase em que ainda estão aprendendo habilidades de fala e linguagem. Este é o tipo mais comum de disfemia.

Gagueira, sono e crianças

Como falamos no começo do post, a ciência já foi atrás de saber se existe uma relação entre gagueira e sono. E a resposta é sim, existe. Uma pesquisa realizada pela doutora Sandra Merlo, fonoaudióloga e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Fluência, junto com o doutor Patrick Briley, fonoaudiólogo americano e professor da East Carolina University, mostrou que crianças que gaguejam têm mais chances de sofrer com insônia ou dificuldades relacionadas ao sono, sonolência diurna e fadiga diurna quando comparadas com crianças que não gaguejam.

Por que esse comportamento acontece? Os dois doutores chegaram a três hipóteses:

  • A primeira é que tanto a gagueira quanto a insônia podem ser consequência de alterações em circuitos cerebrais compartilhados, ou seja, estruturas que implicam tanto na gagueira quanto na regulação do ciclo sono-vigília;
  • Já a segunda hipótese é a de que alguns distúrbios de sono (como os distúrbios respiratórios obstrutivos – a apneia é um exemplo deles) poderiam facilitar o surgimento da disfemia em crianças que já tem alguma predisposição genética;
  • E por último, a gagueira seria a responsável por facilitar o surgimento de alguns distúrbios do sono, como a insônia e o bruxismo, principalmente quando a criança sofre com  situações estressantes de comunicação.

Gagueira, sono, adolescentes e jovens adultos

Um outro estudo realizado pela mesma dupla de fonoaudiólogos junto com a também professora da East Carolina University, Molly Jacobs, procurou saber a relação entre gagueira e sono entre adolescentes e jovens adultos. Os pesquisadores concluíram que a insônia é mais prevalente entre pessoas que gaguejam do que as que não gaguejam. 

Outra descoberta está relacionada ao tempo de sono. Pessoas que gaguejam dormem menos minutos por noite quando comparadas às que não gaguejam. Os pesquisadores também observaram outros problemas sendo mais acentuados em pessoas que gaguejam, como ansiedade e dificuldades de aprendizagem.

Quais são os tratamentos?

A disfemia tem algumas opções de tratamento. Para as crianças, é possível realizar terapia para que gaguejar não se torne um problema durante toda a vida. Os adultos também podem fazer terapia com foco em gagueira. O fonoaudiólogo é o profissional capacitado para tratar a gagueira.

Problemas relacionados ao sono devem ser compartilhados com os profissionais de saúde para que eles possam chegar a um diagnóstico e também tratar.

Boa noite! 

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