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06 de dezembro, 2021

Narcolepsia: o que é, o que causa e como funciona o tratamento

Narcolepsia: o que é, o que causa e como funciona o tratamento

Você está trabalhando e de repente bate aquela vontade incontrolável de dormir. Você cai no sono sem nem ter como evitar. Só que o que aconteceu na mesa do escritório poderia ter acontecido de pé, no ônibus. No cinema. No meio de uma reunião. Ao volante. Tudo com a mesma intensidade e incapacidade de controlar. Pode ser um caso de narcolepsia

Vamos aprender mais sobre ela?

O que é narcolepsia

A narcolepsia é um distúrbio do sono e neurológico caracterizado por ataques repentinos de sono e sonolência diurna excessiva, marcado ou não por episódios de cataplexia e outros fenômenos característicos da fase REM tais como a paralisia do sono

Ela é classificada como uma hipersonia primária, ​​ou seja, se sustenta sozinha, sem outros distúrbios ou doenças que causem os episódios. 

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Esses ataques de sono são irresistíveis e podem acontecer em quaisquer circunstâncias, o que torna um episódio de narcolepsia algo potencialmente perigoso, já que ele pode acontecer quando a pessoa está em situações de risco. Com foco e treino, o cair no sono em situações inadequadas pode ser combatido. A sensação de sonolência, porém, é inevitável. 

A sonolência originada na narcolepsia tem como característica essencial os repetidos episódios de cochilos ou lapsos de sono de curta duração, muitas vezes de apenas 10 ou 20 minutos. Quando acorda, a pessoa pode até se sentir descansada, mas poucas horas depois volta a sentir sono, em um padrão que fica se repetindo sem parar. Em outros tipos de hipersonia, mesmo depois de dormir demais, o paciente não se sente descansado. 

Ao todo, estima-se que a narcolepsia afete 1 em cada 2 mil pessoas no mundo, o que representa cerca de 0,05% da população global. Em correlação ainda a ser entendida, existe uma frequência muito menor do distúrbio em judeus israelenses, indicam estudos feitos no país.

No Brasil, a doença atinge cerca de 40 mil pessoas em suas diferentes formas.

Os primeiros episódios de narcolepsia geralmente começam a aparecer na primeira metade da segunda década de vida (entre 11 e 15 anos). Parentes de primeiro grau de alguém com o distúrbio podem ter até 40 vezes mais chances de também o desenvolverem, sem distinção de gênero.

Pacientes com narcolepsia durante a vida adulta têm mais chances de desenvolverem diferentes tipos de câncer, mas a ciência ainda não sabe explicar os mecanismos dessa correlação.

Sintomas da narcolepsia

Mais conhecida pelo sono repentino, a narcolepsia, na verdade, é essencialmente caracterizada por cinco sintomas essenciais:

Sonolência diurna excessiva 

O excesso de sonolência inexplicável durante o dia é a característica que norteia a  narcolepsia e que faz do distúrbio “conhecido”. 

Chamada também de sonolência excessiva diurna (SED), ela é a incapacidade de se manter alerta e/ou acordado durante o dia. A vontade de dormir é tão grande que a pessoa perde totalmente o foco naquilo que estava fazendo e pode chegar a dormir ou cochilar durante tarefas corriqueiras.

Alguém que está escrevendo, por exemplo, durante um episódio pode parecer que continua fazendo a ação normalmente, mas o sono é tão grande que ela está apenas rabiscando o papel, lutando para se manter desperta. Isso é chamado de comportamento automático.

Fragmentação do sono

Por definição, a fragmentação do sono é o total de despertares noturnos e migrações para a fase mais leve do ciclo do sono dividida pelo tempo total dormindo.

Um sono fragmentado é marcado por repetidas curtas interrupções durante a noite, não permitindo que a pessoa efetivamente descanse. A fragmentação per se não é um distúrbio do sono, mas sim o sintoma de muitos deles.

Paralisia do sono

A paralisia do sono é um fenômeno que faz com que a retomada da consciência durante o sono ocorra ao mesmo tempo que uma atonia muscular.

Além disso, ela é frequentemente acompanhada de alucinações assustadoras, com uma pressão no tórax e uma tentativa de fugir em vão. Tudo isso enquanto a pessoa não consegue se mexer, o que torna a situação ainda mais aterrorizante. 

Alucinações hipnagógicas

Elas são uma espécie de experiências perceptivas na transição entre vigília e sono associadas a fenômenos visuais, táteis e auditivos. As alucinações hipnagógicas acontecem na transição entre a vigília e o sono, quando uma pessoa está começando a dormir. 

Cataplexia

Cataplexia é um quadro de atonia muscular súbita, quando o paciente sofre uma perda repentina e breve do controle dos músculos, como se eles ficassem fracos ou até mesmo paralisados. 

Um episódio de cataplexia pode ser tão intenso que a pessoa cai no chão, como um um desmaio sem perda de consciência. 

Os diferentes tipos de Narcolepsia

A classificação de um diagnóstico de narcolepsia depende desses sintomas vistos anteriormente.

Narcolepsia Tipo 1 (NT1)

A presença da cataplexia é o fator determinante para um caso de narcolepsia do Tipo 1. Se o paciente apresenta casos de falta de controle muscular, aí está a diferença. 

Isso acontece graças à perda dos neurônios que produzem um neurotransmissor chamado orexina ou hipocretina, o que causa a diminuição dos seus níveis no líquor. Pessoas com NT1 têm uma perda de pelo menos 90% dos níveis normais de orexina. 

“Uma das teorias para explicar a perda de neurônios hipocretinérgicos no hipotálamo lateral seria uma resposta imunológica do nosso corpo que geraria uma auto-agressão por células de defesa (anticorpos) a estes neurônios”, explica a Dra. Andrea Bacelar, neurologista e presidente da Associação Brasileira do Sono em uma edição da publicação da entidade.

Narcolepsia Tipo 2 (NT2)

O critério que diferencia a narcolepsia do tipo 1 do tipo 2 é a presença da cataplexia. Quando o paciente não sofre dessa atonia muscular, ele é classificado como um caso de narcolepsia do tipo 2.

Ao longo da vida, cerca de 10% dos pacientes com esse diagnóstico começam a apresentar cataplexia e podem ter a sua classificação alterada.

A narcolepsia (dos dois tipos) ainda pode ser classificada em leve (sonolência leve ou cataplexia rara –  menos de uma vez por semana), moderada (sonolência moderada ou cataplexia infrequente –  menos de uma vez por dia) ou severa (sonolência grande ou cataplexia diária) e também em aguda (menos de seis meses), subaguda (entre seis e 12 meses) e crônica (mais de um ano).

Como é feito o diagnóstico da narcolepsia

Diagnosticar a narcolepsia requer atenção médica e uma análise cuidadosa do histórico do paciente. Como o seu sintoma mais conhecido, a sonolência, pode ser atribuído a outros problemas, o processo diagnóstico pode ser complexo e chegar com muito tempo de atraso, dependendo de um médico com conhecimento mais profundo do distúrbio. 

O primeiro passo é uma anamnese que analise o histórico médico e os sintomas do paciente. Isso ajuda a eliminar hipóteses de outros problemas de saúde com sintomas similares. 

Depois, e de acordo com a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD – International classification of sleep disorders), o critério diagnóstico da narcolepsia tem oito momentos:

1. Reclamações de sonolência excessiva ou fraqueza muscular repentina.

2. Cochilos diurnos recorrentes ou lapsos de sono quase que diariamente por pelo menos três meses.

3. Cataplexia – Perda bilateral repentina do tônus muscular postural em associação à uma emoção intensa.  

4. Presença de características associadas tais como: paralisia do sono, alucinações hipnagógicas, comportamentos automáticos, episódio de uma importante disrupção do sono.

5. Polissonografia com latência do sono inferior a 10 minutos, latência do sono REM inferior a 20 minutos e/ou MSLT (Multiple Sleep Latency Test) com latência inferior a cinco minutos.

6. Tipificação de HLA que dê positivo para DQB1*0602 ou DR2.

7. Ausência de condição médica ou mental que cause os sintomas mencionados.

8. Possível presença de outros distúrbios do sono que não sejam a causa primária dos sintomas.

O critério mínimo de diagnóstico acontece na combinação dos itens 1 e 4, ou 2 e 3, ou 5 e 7.

Tratamento e cura da narcolepsia

Atualmente, não existe cura para a narcolepsia, mas há diferentes propostas de tratamento para minimizar os impactos do distúrbio na vida de um paciente e melhorar a sua qualidade de vida.

O tratamento não farmacológico discorre sobre mudanças de hábitos e estilo de vida. Isso inclui uma estrita regularidade de sono, acordando e dormindo todos os dias no mesmo horário, até mesmo em finais de semana, férias e dias festivos. Essa regularidade também compreende inserir na rotina, se possível, cochilos curtos durante o dia e a criação de um processo de higiene do sono, que é grande aliado no cumprimento da regularidade mencionada anteriormente. 

O acompanhamento nutricional e evitar álcool e sedativos também podem ajudar na rotina de uma pessoa que sofre de narcolepsia, assim como a prática de exercícios físicos, conhecidos aliados da qualidade do sono.

Remédios para a narcolepsia

O cuidado com narcolepsia também é farmacológico e a escolha dos remédios mais adequados para cada caso depende do médico que acompanha o paciente e da sua classificação diagnóstica.

Alguns dos medicamentos que podem ser usados são estimulantes do sistema nervoso central (SNC), estimulantes do tipo anfetaminas, antidepressivos dos tipos tricíclicos e inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina e oxibato de sódio, esse último com potencial para reduzir a cataplexia e a sonolência diurna. 

Lembre-se de nunca, em hipótese alguma, tomar remédios de nenhum tipo sem orientação de um médico de sua confiança. Isso vale para qualquer tipo de doença ou distúrbio, seja ele do sono ou não. Todo medicamento tem indicações e contraindicações. Medicar-se sem orientação de um profissional de saúde é perigoso.

Bom sono!

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